Novela "A vida da gente" tem como foco as relações cotidianas

Passada em Porto Alegre, trama narra o polêmico relacionamento entre Ana e seu irmão de criação Rodrigo

A história de um amor proibido interrompido por uma tragédia. Parece clichê, mas a premissa básica da nova novela das seis, “A vida da gente”, da autora estreante Lícia Manzo, é de que sempre existe a chance de recomeçar. Resta saber como será o caminho durante o segundo tempo deste jogo da vida.

A trama, passada em Porto Alegre, gira em torno do polêmico relacionamento amoroso da jovem Ana, vivida por Fernanda Vasconcellos, e seu irmão de criação Rodrigo, interpretado por Rafael Cardoso. Tenista talentosa e em franca ascensão profissional, Ana tem a vida dominada por sua ambiciosa mãe Eva (Ana Beatriz Nogueira), cujo maior objetivo é ganhar muito dinheiro às custas da carreira da filha.
A situação se complica quando a atleta se apaixona por Rodrigo, filho de seu padastro Jonas (Paulo Betti). Não é preciso dizer que tanto Eva quanto Jonas —em pleno processo de divórcio litigioso — ficam furiosos ao descobrir o relacionamento dos filhos e fazem de tudo para separá-los.
Porém, nem tudo é discórdia no faroeste familiar. A protagonista conta com o apoio da irmã e fiel escudeira Manuela (Marjorie Estiano), que apesar de viver à sombra de Ana e conviver com o desprezo da mãe — que não faz a menor questão de esconder que a tenista é sua filha favorita —, nutre um afeto incondicional pela irmã caçula:
"Manu é dócil e resignada. Não sente raiva nem revolta por ser preterida pela mãe. Ao contrário, entende o fardo carregado por Ana e ajuda muito a irmã", conta Marjorie, explicando a personalidade pacífica de sua personagem.

Para completar o cenário dramático, Ana fica grávida de Rodrigo, e sua mãe a manda para a Argentina, a fim de que ninguém saiba da gestação. Ao mesmo tempo, Eva e a treinadora de tênis Vitória (Gisele Fróes) — uma mulher obstinada, que cuida da carreira esportiva de Ana — tentam arranjar um lar adotivo para o bebê.
Quando nasce a pequena Júlia (Jesuela Morto), Ana se recusa a dar a criança para a adoção. Desesperada, achando que a maternidade precoce pode destruir o futuro da filha no esporte, Eva decide registrar a própria neta, e espalha para todos que o bebê é seu:
"Eva não é exatamente uma vilã. Ela vive em função da Ana. Investiu anos da própria vida na carreira da filha. Não aceita que Ana cresceu e já define o próprio destino", explica Ana Beatriz Nogueira.
Inconformadas com a situação e com o autoritarismo da mãe, Ana e Manu decidem fugir de casa e levar a criança para ser criada em Gramado, na casa de sua amorosa avó Iná (Nicette Bruno). No caminho, no entanto, um acidente interrompe o plano das irmãs. O carro dirigido por Manu capota e cai dentro de um lago, deixando Ana em coma profundo, sem previsão de recuperação.
Decidida a dar uma família de verdade para a sobrinha, Manu revela a Rodrigo que a pequena Júlia é, na verdade, sua filha. A notícia cai como uma bomba no lar dos Macedo. Jonas não consegue pensar na possibilidade de que o filho abandone os estudos para criar uma criança. Por não arredar o pé da responsabilidade de ficar com a filha, Rodrigo é expulso de casa, e vai morar com Manu para levarem adiante a criação da menina Júlia. Com o passar do tempo, eles realmente se tornam “mamãe” e “papai” aos olhos da criança e acabam se envolvendo:
"O envolvimento de Rodrigo e Manu não vai ser premeditado. É um relação que nasce da cumplicidade. Eles se unem pela responsabilidade de criar uma criança, mesmo sendo jovens", conta Rafael.O casal só não conta que, após quatro anos em coma, Ana vá acordar e se deparar com a rmã vivendo a vida que deveria ser sua:
"Ainda não sei como Ana vai reagir. Mas não acho que ela vá sentir inveja ou ódio de Manu. Antes de tudo, Ana vai tentar entender o que aconteceu com a vida dela", aposta Fernanda Vasconcellos, quando questionada se a relação entre as irmãs, antes tão cúmplices, mudará drasticamente.
A autora Lícia Manzo explica a escolha de um tema tão dramático para o leve horário das seis: "Quis trazer para a ficção as novas configurações familiares. Quando falta a tradição, é o amor que legitima todos os laços".